Queda de ciclovia no RJ: brinca-se normalmente ao lado dos corpos. Por quê?

Na última quinta-feira, dia 21 de abril, um trecho da ciclovia inaugurada em janeiro, no bairro São Conrado, no Rio de Janeiro, desabou, deixando dois mortos.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção e que repercutiu bastante foi o fato de pessoas jogarem futebol ao lado dos corpos, como se nada tivesse acontecido. Muita gente ficou chocada com a cena, mas que tal tentarmos entender o outro lado?



Preste atenção em quem são as pessoas que continuam a brincar: jovens negros, provavelmente oriundos de comunidade (como chamamos as famosas favelas). Não é preconceito, é um fato!

São Conrado, para quem não sabe, é zona sul do RJ, lugar das classes altas da cidade, considerado um dos bairros mais nobres. E como todo o Rio de Janeiro, está próxima de comunidades. Sabe a famosa Rocinha, comunidade conhecida internacionalmente, maior favela do Brasil, que ganhou até status de bairro? Pois fica lá!

Então, minha gente, para essa molecada, ver corpos é uma realidade do cotidiano. Eles vivem isso diariamente, cresceram em meio a uma guerra, onde se mata e morre. Isso não quer dizer que eles não sintam e não respeitem, mas simplesmente que eles conseguem facilmente passar por isso e seguir suas vidas normalmente.

Já ouvi relatos de crianças que pularam corpos destruídos, para conseguir chegar ao seu destino, porque o único caminho que havia era aquele, e com vielas tão apertadas, foi o jeito.

Talvez seja difícil para pessoas que não tenham essa realidade, compreender. Muitas pessoas nem próximo disso vivem. Antes de julgar, é sempre bom tentar se colocar no lugar das pessoas e tentar entende-las. É aquela velha coisinha chamada empatia! 💋




                          parcerias: saiarasgada@outlook.com                             




4 comentários:

  1. Obrigada por falar sobre isso.
    Na verdade eu nem liguei o fato deles serem moradores de comunidades ou negros, mas o fato deles não perderem o dia por conta do ocorrido. Quem mais sente sempre será a família da perda de alguém. No caso desses rapazes eu não me choquei, acho que poderiam estar um pouco mais distantes, acho, mas não me choca.
    Eu moro na baixada fluminense, e demoro muito pra chegar nas praias da zona sul. Lógico que ao ver dois corpos iria me sensibilizar, tentar tapar o rosto, alugar uma sombrinha e tal, MAIS, apenas. Eu procuraria um lugar distante para não perder a viagem.

    O que mais me choca são pessoas dizendo que "não existe mais humanidade nas pessoas" ao ver essa foto. Como alguém pode dizer isso? Provavelmente eles se chocaram, se assustaram, mas logo deixaram pra lá.

    Enfim, assunto complicado.
    Mas por serem negros e pobres as pessoas acham que são os demônios. Eles infelizmente não podiam trazer a vida das vítimas de volta :/


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    Eu não sou marinheira.
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    Facebook só de artesanato.

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    1. Pois é, eu penso que nem você, acho que poderiam ficar mais afastados. Eu ficaria, tentaria cobrir os corpos tb, mas isso SOU EU, com base NA MINHA REALIDADE. Quem sou eu para julgar essa garotada por algo assim, se a realidade deles é essa?
      Eu tb sou da baixada fluminense, de Duque de Caxias, saí daí tem pouco mais de um ano.
      As pessoas, que não amigos e familiares, sentem na hora, mas daqui a pouco a vida fica normal de novo. A diferença é q essa normalidade volta ao nos afastarmos da situação, tentar esquecer, focar em coisas boas. Essa garotada consegue isso, estando ali.
      É um assunto delicado, difícil, mas que precisa ser explicitado, pois muita gente sequer cogitou entender a garotada. Não podemos tirar como base todos a partir de nós, já que cada um tem sua realidade.
      Seria diferente se eles tivessem 'sacaneando' os corpos.
      Enfim, algo pra gente refletir mesmo.
      :*

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  2. Karla Serrano25/4/16

    Todos vítimas

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    1. Pois é, vítimas de coisas diferentes, mas no final, todos vítimas.

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